quarta-feira, 1 de julho de 2015

Pipas



No ar duas pipas
Era casal, digo casal
De macho e fêmea
Porque há outros
E não que algo tenha
Contra, não, mas
É que no caso
Era macho e fêmea
O macho iniciou cortejo
Cheio de iniciativas
Se aproximando
Se aproximando
Do que via
Ela gostava
Aguardava
Não se aproximava
Mas também não fugia
Lá embaixo os meninos
Manobravam as linhas
Nem sabiam o que
Acontecia
Para eles o jogo
Era outro
As pipas os usam
A busca de movimento
O macho já encostava
Perigosamente
A fêmea pensou
Se quero desistir
Tem que ser agora
Ocorre que
Ela agradou-se
Do cheiro dele
Se tocaram, trementes
Breve cortejo
Logo um beijo
Não demorou e se amavam
Com ânsia se arranhando
Aí parecia voavam
Entre tempestades
Cegos mergulhavam-se
Ligados. Raios e trovões
Perderam o controle
Esqueceram de mentalizar
Aos meninos o que
Deveriam fazer
Caíram numa janelinha
Do 8º andar da Rua
Itambé 114
O macho embaixo
Se pôs
Pra amortecer a queda
Da fêmea
Caíram juntinhos
Ofegantes, suados
Rabiolas esgadelhadas

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