quarta-feira, 15 de julho de 2015

MAURO BRUCUTO



Lembro-me do caixão descendo
Dos primeiros grãos de terra
Arranhando a madeira
Das pessoas mudas, olhos vidrados
Um cheiro de flor velha
 
Coitado do Mauro Brucutu
Já-já nem se lembram dele
Menino pobre, perninhas tortas
Será que se atrapalhou ao
Atravessar a Fernão dias
E por isso o acidente?

Um dia escrevo umas palavrinhas
E ponho o nome dele
Pensei em 1980
Para que não morra jamais
Gostava de atravessar a rodovia
Para vir conversar conosco

Vinha dos Vazes à Praça da Bandeira
Às vezes comia lá em casa
Minha mãe tinha dó dele. Tadinho.
Decerto nos Vazes nem tinha amigos

Ali nós o escutávamos naqueles
Seus bobos sonhinhos de ter
Uma roça para criar passarinhos
Acabou que virou ele passarinho


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