quinta-feira, 16 de julho de 2015

Boca Doce



E eu chorava e chorava. Que martírio
Viva era a sensação de taturana
Passeando-me ao pescoço
E me encolhia, empurrava
Virava a cabeça, erguia os ombros

Que paciência tinha o Pedro Vergílio
Media de um lado, de outro
Eu com a sensação de que era louco
De que não sabia o que fazia

A tesoura mergulhando,
Abrindo e fechando bico
Como bem-te-vi em flecha
Buscando mosquitos

E os cabelos se esparramando
Como fossem espinhos
Se ficar quieto depois lhe
Compro balas no Vardinho

Gostava quando o Pedro
Raspava o sabonete
Para boa espuma despejava
Uma água bem quentinha

Tinha o trem cortante rasgando
A nuca da gente. Mas havia o perfume
E a certeza de fim próximo, pois
Depois era o talco e pronto

Então era banho no vô, e a bala prometida
E me esqueceria do acontecido
A boca doce nos puxa para o agora

Desbotando e até desaparecendo
Com o ido


Nenhum comentário:

Postar um comentário