quinta-feira, 9 de julho de 2020

véio doido

mora em mim um
véio meio doido
debochado que só ele
tudo lhe vai a brincadeira
por que sabe que
pouco vale a pena
muitos o veem infantil
e quem sabe seja mesmo
dou de ombros
vejo irmãozinhos
num sofrimento
cheio de argumentos
justificativas
azarados perseguidos
sofrem que sofrem
pelo que criam
por querelas sem solução
não quero explicar
o que faço é zombetear
quem sabe a lógica 
torta não se abale
e daqueles pântanos
não ecloda algo novo
(nem espero que entendam
que não é caso vil deboche
mas um jeito diferente
de contribuir)






sexta-feira, 3 de julho de 2020

Embrulhada


quando estudávamos na
escolinha da roça
éramos felizes com
a sopa feita da soma
do que levávamos
lenhas e legumes
os bancões de tábua
as letras de música da Elenice
lembro-me de asa-branca 
os desenhos de rosas
da mãe da Janete
a Tiana do Zé do tio Lauro
os bolos na casa do Afonso
o futebol ao pé da igrejinha
os canários cantando na varginha
os bagres no riacho da estrada
trocávamos cartões
por nos desenhados
lembrança do amigo tal
ah, que dias esplendidos
todas as séries numa sala só
depois disso a vida
só foi complicando