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Pintura Tulio Dias |
Oi comadre
Bom dia compadre
Sua benção madrinha
Gente chegando
Ah, as lidas de porco
Trabalheira louca
Um tranco na testa
Taum
O bicho meio tonto
A peixeira ao sovaco
Aí vinha aquele guincho
Que eu não gostava
Sapecado a galhas
A suã tiravam primeiro
Era ainda cedo
Mas já pensavam
Na comida do almoço
O toucinho cortado
Era moído em tiras
Para máxima gordura
Senão sobravam
Aqueles torresmos que
Enjoam a gente
Os pedaços murciços
Eram cortados e picados
Tadeu afia essa faca
Que não tá cortando
Nem água homem
Os pedaços de segunda
Iam para a linguiça
Os de primeira
Ao tacho de gordura quente
Mexe o tacho menino
Não põe muito fogo não menina
Até a criançada trabalhava
Perto de fogo e gordura
Nunca ninguém se machucou
De ruim só o calorão
A gordura cobria a carne
Fritavam em fogo baixo
Até sair água todinha
Pois para de borbulhar
Pernil, lombo
Costelinha
Então se punha à lata
E cobria de gordura
Uma manteiga
Da pele se fazia aquelas
Tirinhas para pururuca
Secava-se ao forno e
Depois se fritava até
Revirar como pipoca
Duas latas de carne
E três de gordura
Ainda os restos
Para sabão de cinza
Além dos pedacinhos
À vizinhança lógico
Tia Tereza Tia Elza,
Titininha Elenice Madrinha.
Hoje se ver essa “carnificina”
É perigoso
até adulto passar mal
Mas aquele tempo era tão natural
Um tempo de simplicidade
De um povo ao fim do dia suado
E feliz Pelo
prazer de achar
Que mandava
no mundo