quinta-feira, 28 de maio de 2015

MÁQUINA DE LAVAR ROUPAS



A mim não existe coisa
Mais misteriosa do que
Uma máquina de lavar roupa.
Tantos botões. Uma monstra
Insolente, zombando, decidida
A me por louco. Maléfica.

Não sei se são todas; mas
Confesso acho a máquina
Daqui de casa mal-assombrada.
Quando saio de perto ela
Aumenta o barulho, como a me
Provocar. Atrevida

Figura maligna. Odeio a máquina,
Com seu assovio hipnotizador
Vibrando, batendo, querendo saltar.
No melhor estilo Stephen King
Atraindo-me para suas peças girantes
Com o propósito de me matar.

Diante de sua relutância em
Obedecer-me, certa vez
Desliguei o fio da tomada.
Juro-juro que ela continuou
Funcionando, acho. E de um
Jeito que parecia gargalhada.

Oh, Deus. Empalideci-me.
Depois fiquei na dúvida se
Era o vinho impondo alucinação.
Não tive coragem de revelar
O acontecido a minha esposa,
Que me poria gozação.





terça-feira, 26 de maio de 2015

Avoado



E por aqueles dias
Na casa do Lazo Doca,
Eu cedinho debruçado
Na varanda pro quintal.

E corria borbulhante
O Ribeirão Capela,
Ramalhavam jabuticabeiras,
Era viçoso o milharal.

A brisa soprava suave.
O tiziu que pulava
Virando retorcido e
Cantando ao final.

Eu olhava sem ver.
Pensando na felicidade
De crescer, mudar-me
Para cidade grande e tal.

O vovô sorria sem dentes.
Deveria ter sido franco.
Apenas dizia: que menino
Mais avoado, em tom banal.

Quem sabe ele pudesse
Haver me alertado de que a
Felicidade também
Estava naquele local.
(E de forma muito especial)

sábado, 23 de maio de 2015

CACOS



Passei pela região de bares.
Veio o caminhão de lixo
Seguido dos lixeiros.
Na algazarra de sempre
Pegaram caixas e caixas
De garrafas vazias.
Jogaram tudo no caminhão,
Que macetou, moeu, arrebentou.
Reduziu tudo a cacos.
E eu tão preocupado,
Em casa separo tudo, ajeito,
Principalmente vidros.
Embalo bem,
Isolo com capricho,
Escrevo: "cuidado".
Deparando-me com isso
Bem poderia ver que faço
Papel de otário.
Mas não, não mudarei
Um isso do que venho
Fazendo até aqui
Cada um que faça
Sua parte. Eu respondo
Por mim.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

BOTELHOS



A Lu foi à Botelhos.
Foi sem mim.
Ficou lá o fim de
Semana todo.
Chegou cansada aqui.
Tudo bem?
Bem.
Novidades?
Sem.
Meu Deus, como assim?
Cada detalhezinho
Trate de me colorir.
O que o tio Andrelino falou
Da derrota do Cruzeiro?
O que fizeram
No sábado inteiro?
Qual a piada nova que o
Tio Zé disse?
O que fez que ficou
Ótimo, mas falou
Que não a tia Alice?
O que comeram
No almoço de domingo?
E as façanhas do Hélio na
Roça do Serginho?
Enfim, a Nice testou
Alguma nova receita?
Como está a
Turma da Antonieta?
Assim econômica nas
Palavras é como me desse
Seu bom dia sem beijo;
Doce de figo sem queijo;
Você sem seu sorriso.
(Que tanto preciso)