domingo, 30 de setembro de 2018

Diferente

os meninos
cercavam o
cão esquisito
gargalhadas
vaias gritos

do outro lado
da praça
o menino não
via graça

o medo do
cão parecia
doer nele
e tinha vontade
de abraçá-lo

uma certeza
arregalava-se
a sua mente
era um menino
diferente


Bar do Cido


Sempre havia alguém
Disposto a um papo
No bar do Cido
Ainda que apenas
O Cido

Mas acabou o bar
As piadas os causos
As gozações
Nem o casarão verde
Existe mais

Parece não haver
Mais lugar
Como aquele
Aliás lugar talvez
Até haja

O problema
São os papos
Hoje estão 
Sem tamanho
De chatos

domingo, 23 de setembro de 2018

#elesim ou #elenão?


Eles são sujos
Loucos, traiçoeiros
Joguemos o jogo

O leão que ruge
E quer a todos
Seduz os dois
Lados

A arma
Um tipo
De aço

O aço é frio
Brilhante
Reto, incisivo
Cortante

É aço-berba

Aço-berba
Nos põe
Acima do outro
Acima de tudo

Autoriza
Agressões
Em atos
E palavras

Ah,
Minha senhora
O leão adora

Quem quiser
O abraço do
Que ama
Criancinhas

Que jamais
Desembainhe
Sua espada de
Aço-berba

Com ela em 
Mãos
O próximo
Não é um
Irmão

Asim como
Vamos
O leão
Nos terá a
TODOS

domingo, 16 de setembro de 2018

Hoje



ontem viviam como hoje
não sabiam que ontem
era ontem de hoje
hoje vivem como hoje
não sabem que hoje
é o ontem do amanhã
amanhã também viverão
como fosse hoje
achando que nesse
nosso hoje
o ontem deles
tudo era mais simples
a vida mais romântica
menos dramática
que era tão mais fácil
sorrir e ser feliz
e assim vamos nós
sem sairmos do lugar

infecundo


o poeta não é afoito
ele para olha
sente o cheiro
examina rumina
o que desprezam
nota marcas restos
traços bagaços
pequenos brotos
ele quase chora
as vezes ate 
mesmo chora
e como criança
que vai à mãe
com uma descoberta
ele escreve versos
mas quem deveria
compreendê-lo
seque empedrado tapado
mal avança as 
primeiras linhas
pensa quem foi o besta
que escreveu isso
quem o lê e se
emociona com ele
nem precisava
pois também já é poeta
ainda que não escreva