Domingo. Domingo à tarde na Praça de Santa Tereza.
Pessoas. Pessoas. Buscam conteúdo aos seus vazios puxando cães e empurrando
carrinhos de bebes. Superprotegem os filhos e tratam os cachorros como meninos.
Ó enganação, enganação. A Praça harmoniosa assopra
nossos vazios, que combinam mais com aqueles pombos mortos, em face dos tantos
eus mortos dentre de nós, que nem sabemos bem quem são, já que pioramos os maus
e melhoramos os melhores. Assim vamos. Vamos. Até que tudo termine e nosso
derradeiro eu fine.
Os cachorros uivam. Uivam ao longe. Curioso tantos
cachorros uivando assim aqui em Santa Tereza. Os uivos parecem tristes, sim,
tristes. Acho que sei por que. Estão com saudade da floresta. Não do bairro Floresta,
mas sim da mata, da vida natural. Estão cansados de artificialismos, de show.
Também estou.
Aquele vizinho que não me venha mais com aquele
livro abaixo do braço. Sei muito bem que há algo errado com ele. Ninguém é
assim tão bonzinho como parece ser. Tão conselheiro, resolvido. Mentiroso, enganador. Se me vier de novo com
conversa rala, quebro-lhe a cara.