quinta-feira, 12 de março de 2015

Só Risos



Hoje me parece surpreendente
Eu apenas de chinelo de dedo
Indo à escolinha da roça
Já caminhando tão cedo

Mamãe sorrindo à janela
Esvoaçantes os cabelos negros
Aos lábios um riso triste que
Só hoje como pai entendo

Um frio beliscado, apertado
Geadão na várzea do tio Dutra
Inútil o pano fino da blusa
De sempre, a falta de outra

Faço volta, driblo os gansos
E os cães gaúcho e malhado
Vou à casa da tia Tininha,
Às vezes já fazendo goiabada

Sorri-me sem parar de mexer
O taxo, para não grudar o doce
Vou com os primos. Rio, rio. Corro
Como o mais feliz do mundo fosse

Não se gravou ao coração, só à  
Mente, daquele friozão de cedo
Em mim amargura alguma do
Que apenas supor dá medo

Mamãe, hoje cabelo geado,
Enche olhos d’água ao recordar
Bobeira dela. Daquele tempo
Em meu coração só risos e calor

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