Hoje me parece surpreendente
Indo à escolinha da roça
Já caminhando tão cedo
Mamãe sorrindo à janela
Esvoaçantes os cabelos negros
Aos lábios um riso triste que
Só hoje como pai entendo
Um frio beliscado, apertado
Geadão na várzea do tio Dutra
Inútil o pano fino da blusa
De sempre, a falta de outra
Faço volta, driblo os gansos
E os cães gaúcho e malhado
Vou à casa da tia Tininha,
Às vezes já fazendo goiabada
Sorri-me sem parar de mexer
O taxo, para não grudar o doce
Vou com os primos. Rio, rio. Corro
Como o mais feliz do mundo fosse
Não se gravou ao coração, só à
Mente, daquele friozão de cedo
Em mim amargura alguma do
Que apenas supor dá medo
Mamãe, hoje cabelo geado,
Enche olhos d’água ao recordar
Bobeira dela. Daquele tempo
Em meu coração só risos e calor
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