Quando Deus pintava o mundo
Pediu ajuda aos anjos
Indicou-lhes as tintas
Permitidas
Foi avisando que algumas
Eram reservadas
Apenas ao Paraíso
Quando Deus acordou
De um cochilo
De depois do almoço
Um susto
Topou com certo anjo
Já com o pincel imergido
Numa lata das
Tintas proibidas
Deus ralhou com o anjo
Tomou a tinta dele
Mas o anjo ficou com o pincel
Encharcado da tinta
O anjo, então, ido Deus
Como fosse padre aspergindo
Água benta sobre o povo
Entrou a aspergir da tinta
No céu da noite
Deus quando viu
Sorriu em segredo
Que peraltice daquele
Seu filhinho
Mas até que gostou
Foi assim que o céu da noite
Acabou salpicado do
Que chamamos estrelas