sexta-feira, 14 de agosto de 2015

AVATAR



Existe um eu
Mas calmo e mais
Pensador do que
O eu real
Também tem mais
Amigos e é até
Menos feio
Se morro agora
Ele seguirá vivendo
Ainda por um tempo
Falo do eu do facebook
Um avatar que me
Rouba bem mais do
Que me devolve


sexta-feira, 7 de agosto de 2015

FOI O JEITO


Meu pai logo viu
Ele não sabia o que
Mas algo não estava direito
Eu realizava as tarefas
Até que bem
Mas tinha algo errado
Certo grau exacerbado
De boboalegrismo
Um gostar demais
De plantas e bichos
O detestar estilingue
(Pássaros eram pragas
Dos arrozais)
Pena até de formigas
Um pensar exagerado
Chapéu, nunca usava
De acordar cedo,
Também não gostava
Esse menino
Não vai prestar para roça
Depois, aquilo
De sempre ter o cabo
Da foice quebrado
Impondo necessidade
De volta mais cedo
Para casa
É mulher
O jeito é mandar
Esse menino
Para a cidade
Mamãe concordou


RUIR



A vida é danado
Castelo de cartas
Erguido de um jeito
Que nos obriga
A Sempre por
Mais e mais peças
Ao que nascemos
A base já vem
Então crescemos
Vamos trabalhando
Ajeitando com zelo
O castelo subindo
A certa altura
O visual é bonito
Bom seria
Se parasse ali
Mas não é assim
Somos compelidos
A mais e mais cartas
E vai ficando alto
Muito alto
Perigosamente alto
Às vezes treme
Às vezes balança
Não tem jeito
É questão de tempo
O ruir

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

olhares

E um botão da sua blusa
Descaradamente se soltou
Na altura da base dos seios
Meu olhar grudou-se lá
Bela base, bela
Por ela supus a magnitude
Das gêmeas alturas
É pena que o olhar avance
Apenas a linha reta
Tentei por curva nele
Torci a cabeça
Sem sucesso
Num minuto de juízo
Deixo o local proibido
Cheiroso, quente, macio
E vou aos olhos da moça
Ela me olhava
Senti-me congelado
Encabulado, desviei o olhar
Contudo, consultando
A foto do olhar dela
Gravada em minha mente
Não sei se vi reprovação
Voltei ao olhar dela
Já não me olhava
Alisava cabelos
Segurei o olhar
Como apertasse campainha
O botão ainda lá, aberto
Ela me olhou por baixo
Olhar de um segundo
Um flash apenas
Vi algo diferente ali
Já havia se passado
Meu minuto de juízo
Não havia lugares proibidos
Duvido que aquele botão
Descasara-se inadvertidamente
Duvido


 

Do que é feita



Fomos rever os amigos
Da viagem à praia
As meninas matraqueavam, divertidas
Estava frio, mas o escaldado da D. Cleuza
Era como mandar um vulcão
Para dentro do peito
Na medida em que comíamos
Íamos nos descascando de blusas
Depois fomos ver o cão Thor
Fosse humano e teria mais de
Noventa, disse o Pedro
Acarinhamos o cão
Ele nos lançou um olhar
Idoso e cansado, mas agradecido
A Sirlene leu um continho
Do sujeito que comprou
Uma peruca para impressionar a moça
Mas por fim a perdeu porque
Ela gostava mesmo era dos carecas
Ela lia e ria. Coisa de menina feliz
Aliás, do que é feita a felicidade
Não sei bem
Se sabemos que é de bem pouco
Por que tanto insistimos
Noutras (e loucas) direções