domingo, 26 de julho de 2015

PEDRO TERRÃO

Deram-lhe um uniforme de policial
Na feira ele consulta placas, vigia
Vê qualquer coisa errada, chama a central
Segurando com a mão um rádio invisível
Chia com a boca, fingindo interferência
Diz que a manhã não está tão tranquila
Mas dispensa viatura
Chega alguém suspeito. Vai averiguar
O sujeito fala algo. O Pedro engrossa. Se enerva
O sujeito parece que afina. Parte
O Pedro vocifera: e não volta mais aqui. Seu malandro
O sujeito é invisível. Apenas o Pedro vê
Eh Pedro Terrão cachaceiro. Alguém grita
Ele responde a altura. Jura não bebe mais
O trânsito se embola. O Pedro corre
Uma mão erguida. A outra manda vir, parar, seguir
Receia que não dê conta. Faz cara de nervoso
Lindamente desafinado o Gibi e seu filho
Cantam "vai dar tudo certo... vai dar tudo certo"
E dá mesmo. O trânsito se desembola
O Pedro Terrão fica satisfeito. Faz pose de autoridade. Fuma
Sua boca se abre num riso desdentado e puro
E como o Pedro Terrão, todos naquela feira seguem aprisionados
Em mundos que só existem em suas mentes. Sina nossa


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