
De lá, daquela casa, eu poderia falar das
manhãzinhas. Leitosas e frias. Do sol nascendo igual potro. Já tão forte e
vigoroso. Da brisa ramalhando os galhos orvalhados das jabuticabeiras ou
fazendo ondas nas flores que cercavam a casa como fosse um colar explodido de perfumes e cores. Dos canários quase se estourando em cantigas ou simplesmente
ciscando o chão a busca de sedém pros seus ninhos. Tuc, tuc, tuc. Mas não. É de
certo bulinho que quero falar. Um Bulinho verde esmaltado, velho e descascado. Ainda
tão cedinho recheado de um café forte, doce e tão fumegante. Que cheiro, que instante. Depois pousado à chapa do fogão a lenha, sempre entrado de um
fogo estralado. Ficava lá, quentinho, visitado o dia todo. Acercado de risos, prosas
e bebericos. Tanto tempo assim. Nunca vi dias mais felizes. Mas certo dia ninguém
mais o encheu. Não houve mais fogo. Nada de risos e prosas. Acabou tudo. O bulinho,
coitado, foi lançado nalgum fundo de porão desalumiado. O que foi tá feito. O
que são dos objetos sem pessoas que lhes saibam tirar bom proveito.
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