Bem que nois do Pinharzinho fala
que o povo do Corgo Bonito é tudo maomeno ispeloteado. Ces querdita que lá deitei
o zoio num Caim? Um Tar Derfonso cismo. Achava o nome lustroso. Teve fios
geminhos. Uns lorinho. Quis que quis nomeia eis de Caim e Abel. Tem cabidura? Lá no Botelhos no cartório eis num quis registra. Não e não. Mais o Derfonso
arrazoô que tarveis quem pudesse tirá ele de juizo seria o Padre Gerômo,
no batizado. Mas se inté o padre abonô. O do cartório bem sabia que o vigário não
ia nada bão da cabeça, nadinha, mas concordô. Padre é padre, né. Teve uma veis
que os dois, era uns gurizinho duns menos de cinco anos, fizero de barro umas coisinha
pro pai, de presente. O Caim feiz umas fruitinha piquininha. O Abel fez um animar
que dexo o pai muito vaidoso demais. Inlogio bastante o cavalo tão bonito, quase do tamãe
dum gato. Inlogio o Caim pelas fruitinha tumem, mas ele, Caim, teve lá o
seu entendimento. "Ele gostô muito dimais do cavalo do Abel. Claro. Mas eu
não sei fazê cavalo!". O Caim ficô sentido. À tardinha, na hora ques tava
no arto da grande escada da sala, o Abel tava de um jeito com o corpo lançado
pra frente, que quas caía. Se uma brabuleta sentasse nele, era capaiz que
disinquilibrasse e rodasse de lá das artura daques tanto degrau. O Caim venu
aquilo, foi chegano por detrais do Abel, foi chegano, chegano... Não tirava dos
miolo o brio que viu nos zoio do pai quando ele tava com o cavalinho do Abel
na mão... Ele foi chegano, chegano... Ele inlogio as frutinha, sim. Mas o
cavalo foi muito demais inlogiado... Aquelo tava dilurido no seu peitinho dele... E o risão
orguioso que o pai abriu?... Nisso ele se achego ao Abel. Achego e puxo ele pra
trás. “Vem. Sai daí. Num sabe que é perigoso caí”. O Abel recuô. Aproveitano a proximidade, o Caim o abraçô ele
apertado o irmão e disse "ocê me instrui a faze um cavalinho bunito ingual
o seu, pro pai se alegra do meu presente tumém?". O Abel fez que sim com a
cabeça e já saiu brincando. O pai escuitô tudo. Chego lá coçanu o bigodão. Pego o Caim nas maozinha
dele, levo ele pro paiô e mostro prele as fruitinha. Tava tudo pintadinha. Uma Belezura.
E mais, o Derfonso fez uma espécie de fruiterinha e pôs as frutinha. Fico
parecendo um ninhinho de tico-tico. "Tô aguardano secá bem". O Caim
nem sabia que o pai tinha as guardado elas. "Dispois eu levo pra sua mãe
infeita a nossa casa. Pode fica na sala. Num luga de distaqui. Fico muito bão
demais da conta essa sua obrinha, fio". O Caim, oiano aques fruitinha tão
pintadinha, tão ajeitadinha no fruiterinha, “que lindo fico!” pensou. Abraçô o pai.
Fico orguioso. Enquanto o pai inlogiava a sua obrinha, ele viu brio no zoio do
pai tumem. Agora ele viu. “Ele gosto sim das minha frutinha. Sim. Gosto.", Seus oinho dele (agora falo do Caim)
tumem brilhava. Ele parece que ia se arrebenta de tanto contentamento que tinha nele. É sempre
tempo para reescrever a história humana.
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