Nois, sim sinhô, capiau de roça,
somo gente de paz. Mas tem hora que a gente tumem se enreiva, viu. Sucede uns
trem que nem dá pra querditá. Hoje eu tô mei de ovo virado, memo. Veio aí uns engravatado
da cidade com uns proseio ruim. É a segunda veis que es vem e desfais de mim.
Dispois eu vim aqui cura boi com lepecid, mas com tanta reiva no peito, tanta reiva, que
proveitei pra capá os bicho com canivete. Presse serviço de tanta brutulência,
com reiva é mais mió. Corri feito despeloteado. Dispiquei nos pobrinho a reiva dos
engravatado. Mas a reiva agora já se invaporo. Tem um João de Barro ali dano risada e acho que é do meu jeito. Tô suando de bica, com tanta
sede, e me adeparo com esse capim verde dançano nesse corguinho tão cristalino.
O que beleza. Coitado dos bicho, o que tem em vê com a minha rerva. A água
desce fazendo chua nas pedrinha brancas. Parece um bichinho arisco que passa,
mas que se deixa ser acariciado um bocadinho. Vo ajoelha, como fosse reza, e
dispois bejo a água, pedindo licença pra consumi um poquinho. Que bença. A
gente só tem a agardece a Deus por tudo. Isso é que é vida. Coitado daques
engravatado, dentro de carrões e mansões. Es faz o que faz com a gente pra acha
que boa é a vida des. Es põe banca na gente pruma certeza, vendo que aprumanos pruns
rumo diferente, chama nois de tonto, de ingnorante, atrasado, pruque tendo
certeza de que levam vida diversa da nossa, aí se ludibriam achano que a des é
que é mio. Pois se as vida são diversa, e a nossa é ruim, sobra a des pra ser
boa... É uma enganação des pres mesmo, de que vivem mió. Pô banca é o mio jeito
de esquece que vivem tão mal. Atacam pra esquece o quanto são triste. É que a
gente sempre desconta nos mais fraco, memo. Eu descontei nos boi a minha
gastura. Os engravato descontaro nimim. Acontece que na verdade o boi é mais
forte do que eu.
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