sábado, 23 de março de 2013

A Gente Tumem Se Enreiva



Nois, sim sinhô, capiau de roça, somo gente de paz. Mas tem hora que a gente tumem se enreiva, viu. Sucede uns trem que nem dá pra querditá. Hoje eu tô mei de ovo virado, memo. Veio aí uns engravatado da cidade com uns proseio ruim. É a segunda veis que es vem e desfais de mim. Dispois eu vim aqui cura boi com lepecid, mas com tanta reiva no peito, tanta reiva, que proveitei pra capá os bicho com canivete. Presse serviço de tanta brutulência, com reiva é mais mió. Corri feito despeloteado. Dispiquei nos pobrinho a reiva dos engravatado. Mas a reiva agora já se invaporo. Tem um João de Barro ali dano risada e acho que é do meu jeito. Tô suando de bica, com tanta sede, e me adeparo com esse capim verde dançano nesse corguinho tão cristalino. O que beleza. Coitado dos bicho, o que tem em vê com a minha rerva. A água desce fazendo chua nas pedrinha brancas. Parece um bichinho arisco que passa, mas que se deixa ser acariciado um bocadinho. Vo ajoelha, como fosse reza, e dispois bejo a água, pedindo licença pra consumi um poquinho. Que bença. A gente só tem a agardece a Deus por tudo. Isso é que é vida. Coitado daques engravatado, dentro de carrões e mansões. Es faz o que faz com a gente pra acha que boa é a vida des. Es põe banca na gente pruma certeza, vendo que aprumanos pruns rumo diferente, chama nois de tonto, de ingnorante, atrasado, pruque tendo certeza de que levam vida diversa da nossa, aí se ludibriam achano que a des é que é mio. Pois se as vida são diversa, e a nossa é ruim, sobra a des pra ser boa... É uma enganação des pres mesmo, de que vivem mió. Pô banca é o mio jeito de esquece que vivem tão mal. Atacam pra esquece o quanto são triste. É que a gente sempre desconta nos mais fraco, memo. Eu descontei nos boi a minha gastura. Os engravato descontaro nimim. Acontece que na verdade o boi é mais forte do que eu.

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