Cedinho eu saía. Benção, mãe.
Café com leite tomado na canequinha ganhada da madrinha. Gosto do bolo de fubá ainda
pregado nos beiços. Pés descalços no chão macio e gelado. Passagem ligeira pelo
curral. Não falava nada. Nem benção. Meu pai dizia que a vaca recolhe o leite. Escutava
o barulho ritmado do leite estourando espumante no balde. As folhas de capim-gordura iam benzendo as minhas canelas. Um mar todo roxinho. Eita, capim mais bonito
e cheiroso. Perturbava um tiziu naqueles seus pulos volteados. Jogava uma pedra
nele. Jogava mole. Jogava para errar. Já no milharal ia raspando bem de
mansinho a enxada na terra. Chão tão molinho. O cheiro daquele revirado úmido
pelo orvalho era indescritível. Sábado. Começando assim tão cedo, mal posto o
sol e já poderia ir a Capela. Eu era feliz. E mais feliz eu era por supor que
quando crescesse me mudaria para a cidade grande e então seria ainda mais feliz.
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