quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

NÃO SEI. NÃO SEI

Eu com a vovó Dita na procissão
Vamos pela rua de baixo
Lá pela frente à casa do Sô Joca
Olho lá pros lados da velha Fábrica
O fim da procissão ainda não se vê

Olho para o inverso, a velha praça
Por ali a cabeça da procissão
O padre falando na espécie
De funil grande que faz
A voz ficar potente

Tento rezar com fé, mas com fé mesmo
Mas aos olhos abertos não consigo
Distrai-me a multidão
E se fecho os olhos, é só "tropicão"
(Rezar de olhos abertos entendo mera repetição)

O padre para, voz clemente. Fala em pedidos
Penso pedir uma moeda de ouro
Mas notando tantos olhos fechados
Bocas se movendo como cochichasse
Nem fecho os olhos. Refreio-me.

Já pensou se por meu pedido
Deus se esquece de algo importante
Pedido por outro menino
(Quem sabe até comida)

Será Deus anota todos os pedidos
Será não se esquece, será não se irrita
De repente penso não seria
Como se Ele nos desse as varinhas
Mas vivêssemos pedindo peixe

Não sei. Não sei. Sei que
(Dobram e redobram os sinos)
Desisto do pedido de moedinha
Acabo ficando na casa de
Meu outro avô, o Lazo Doca

Faço tchauzinho à vovó Dita
Melhor estudar para a prova
Do outro dia: Geografia
Estão cada vez mais custosas
As provas da Dona Lucilia

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