quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Homem de Valor

Farmacêutico prático
O Ditinho Pereira
Parecia meio mago
Meio bruxo
Sabedor de segredos
De outro mundo

A solução
Nuns potes
Elevados as suas
Prateleiras

Lembro-me bem dele
Meio repuxando a boca
Um tanto quietão
Lá entre a casa paroquial
E a do vô Sebastião

Eu achava que era quieto
Porque lhe seria vedado
Falar demais
Pois ao descuido poderia
Revelar dos segredos
Que sabia

Como à criança não
Se ressabiar
Com quem aplica injeção

Não houvesse mais remédios
E se virava com o que tinha
Passando iodo
Às gargantas inflamadas
Por exemplo

Teve uma vez
Salvou os dedos
Da prima Regina
Não sei como

Teve outra
Aplicou injeção
Em minha barriga
Chorei muito, imagina
Mas tinha clara noção 
De que não podia
Ser maldade dele

O Dr Newman falou
Que isso me salvou
Ainda disse sorrindo
Eh, Ditinho Pereira danado

O mundo está precisado
De pessoas como o
Ditinho Pereira
Por, mais do que
Ajudar os outros,
Despertar em nós
O melhor

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