domingo, 1 de fevereiro de 2015

O Casarão



No casarão verde da
José Pinto de Oliveira;
Quantas portas e janelas
Nem sei, me perdia.
Vovó ralhava manso com
Os meninos:
Cuidado com as roseirinhas!
Viver era apenas alegria,
Tanta gente para cuidar da gente.
O futuro um lindo castelo
A ser erigido à solidez
Da família que o casarão
Representava plenamente.
Agora tudo acabado.
De sobra apenas fotos
E algumas lembranças minhas;
Que que se esfumam
A cada dia.
Sem as fotos e as lembranças
Será como o casarão
Jamais tivesse existido?
Como pode isso?
Mas pensando bem,
Suponho que não,
Cuido que o casarão
Foi refeito no céu
E os desencarnados todos lá,
Esperam quem
Ainda não foi.
O meu avô, do jeito que é,
Fazendo questão
Que São Pedro
Aos domingos
Almoce com ele.
Comida feita pela
Dita da Vi.
E o Pedro deve elogiar
A cozinheira.
E ela sorrindo.
Ô mulher, macarronada
Igual a sua não há
Em todo o céu.
Santa Terezinha também
A mesa, concordará,
Ajeitando o véu.
Aproveitando o momento
Vovó espiando da janela
Falará manso com o tio
Ico e os anjinhos,
Rogando-lhes que não
Voem tão baixinho,
Tão próximos das roseirinhas.
Já de olho no relógio
Da maior igreja do
Reino celestial,
Ansiosa pelo sino das três
Indicando o início da
Celebração que
Jesus presidirá.
Sermões mais lindos
Não haverão por lá.
Depois Jesus ainda
Passará no casarão,
Para um café com bolo
De fubá.
Do canteiro de vovó
Colherá três rosinhas
As entregará a santa Terezinha.
Vovó nada falará.

Nenhum comentário:

Postar um comentário