quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

A ESPERANÇA MORREU



A ESPERANÇA MORREU

Eu cinco anos; tempo chuvoso
Chocolate morno à caneca
O monótono toc, toc dos pingos
Galinhas jururus na tapera
Meu pai estabanado falando
A vaca branca morreu, morreu
Mamãe se recolhe, chocada
Pensou no leite dos doces seus
De repente o que fazer
Debruço no bloco de desenhos
Nas mãos lápis com cores
Desbotadas são os que tenho
Riscos anoitecidos descrevem
A vaca combalida no brejo
Os urubus a desmontando
Minha mãe se assusta, credo
Desenho de cadáver e urubus
É lá coisa de criança
Tadinha, mãe, da vaca
Morreu a Esperança
A vaca Esperança
Tadinha, tão mansa

Nenhum comentário:

Postar um comentário