quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

CAMBUI



Eu morava na pequena cidade com nome indígena, parada de bandeirantes. Sendo a minha primeira experiência urbana era-me mágico. Numa das barraquinhas de fruta a beira da rua existia uma maquininha de descascar laranja que me parecia a melhor invenção de todos os tempos. Achava-a linda.

Nas ruas de chão batido passava horas e horas brincando com meninos e meninas. Horas de sumiço e preguiça. Havia certo senhor com piscina em casa que nos deixava nadar. Mediante paga, lógico. Mas era baratinho. Embora bom mesmo fosse nadar no Rio das Antas, correr na chuva ou jogar bola no campinho.

Havia também certo senhor com criação de pássaros, muitos pássaros. Foi ali que ouvi o pio da araponga pela primeira vez. Que canto metálico de dar arrepios na gente. O senhor me deixava alimentá-la com mamões docinhos. Docinhos como os primeiros beijos. Foi ali que conheci certa brincadeira de abraço, aperto de mão ou salada-mista.

Eu me mudei há quase quarenta anos, mas na minha mente é como se os meninos ainda estivessem lá; congelados no tempo. Consigo vê-los exatamente como eram é dificilmente passa uma semana sem que me lembre de um deles que seja. Sei que se esqueceram de mim; mas não voltei e nem quero voltar. Prefiro ficar com a imagem de Terra do Nunca em minha mente, onde sempre-sempre estou em revisita.

2 comentários:

  1. Nasci em 1960,
    Na pequena Consolação,
    Ali passei minha infância
    Neste pequeno rincão
    Ali também recebi
    Os sacramentos cristão
    Naquela pequena Igreja
    De Nossa Senhora da Consolação

    Aos 11 anos me mudei
    pra querida Cambuí
    aos 15 anos me confirmei
    como cristão que nasci
    Com Nossa Senhora do Carmo
    E todos que estavam ali

    Ali eu fiz o colégio
    O quartel também servi
    Em Pouso Alegre por um ano
    Muita coisa aprendi

    Fiz conservatório,
    E um ano de ciências
    Mas voltando a falar da cidade
    A querida Cambuí,
    Por que tenho carinho
    Por 15 anos ali vivi

    Com 26 anos me mudei
    Para a grande Taubaté
    Em busca de um novo trabalho
    Na antiga região do café

    Logo, logo arrumei
    Pela minha experiência
    A datilografia me deu
    Tudo que eu sou hoje em dia
    Pois foi através dela
    Que eu estou na companhia
    Em uma transportadora
    Trabalho 8 horas por dia

    Hoje, depois dos 50.....
    Faço um balanço na vida,
    Logo, logo estou de volta
    Pra minha Cambuí querida.

    A... não falei dos amigos,
    São tantos que convivi
    Creio que não tenho inimigos
    Nem em Taubaté e nem em Cambuí.....

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  2. Como a mente é uma bela caixinha de relíquias, heim Pinho! Obrigado por compartilhar aqui suas linhas. Abraço afetuoso.

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