Ele chegará ressabiado, pisando
macio. Será como numa casa de sítio, toda rodeada em gramados, flores e
pequenas árvores. Será noite; mas ao céu nascente já haverá sinais daqueles
primeiros afogueados da madrugada. Ele entrará inseguro. Será um choque. Todos
baterão palmas e gritarão vivas. Também darão muitos abraços de boas-vindas,
especialmente os pais dele. Quantos amigos e parentes. De alguns ele até já teria se
esquecido. Ele tentará se explicar, muito ansioso. Os avós falarão das
gracinhas dele, em criança. Ele continuará tentando se explicar. O irmão dele
colocará um dedo nos lábios dele, para que pare com as explicações, como a
dizer: aqui isso não é preciso, todos sabemos. Então ele se
acalmará. Sentirá o cheiro do refogado no fogão à lenha. Será o cheiro da comida
da avó. Ele havia se esquecido daquele cheiro. Como gostava da comida dela.
Mais tarde, depois de comer, ele se deitará numa rede lá fora. Pedirá licença a
todos, falará em cansaço. Todos entenderão. Sabem da dificuldade dessa viagem.
Lá na rede, ainda escutando o burburinho daqueles seus parentes já falecidos,
ele pensará: porque tive tanto medo.
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