sábado, 11 de agosto de 2018

Pasárgada


No fim da tarde
Eu apertava os passos
Ofegante ia, ia
Ouvindo os baques
Das passadas minhas
Às vezes um chute
Numa pedrinha
A pasta com cadernos
Batendo cadenciada
As pernas firmes
O sol já baixiiiinho
Eu comia uma fragaia
Limpava a boca
Corria, corria
Lá pela descida
Do Alto da Coruja
Os sinos da Ave-Maria
O sol se desbotando
Mas o meu espirito
Se arregalando
A cidade já bem perto
Hoje o que será
Hoje o que será
Soprava um vento
Trazia um cheiro
Um cachorro latia
Uma coruja piava
Já escurecia
Eu encontrava alguém
Abanava-lhe uma mão
Pensava: agora que
Vai ficar bom
E ele já voltando
Um passarinho perdido
Voava alto, alto
Minha mente voava
Mais alto ainda
Oh tempo colorido
Eu morava em Pasárgada
E não sabia


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