sábado, 16 de janeiro de 2016

Fantástico

A Filomena sempre ia lá em casa, na roça. Um dia me viu desenhando. Pediu para ver. Disse que eu desenhava bem, mas que meus desenhos eram comuns. Que tinha uma neta que também desenhava, contudo os desenhos dela eram bem diferentes. Eram "coisas lindas". Ela representava diferente do que via, como fossem coisas de outros mundos. Ela prometeu que na próxima ida levaria um caderno da neta para eu ver. Então me pus a pensar como seriam aqueles desenhos. Comecei a misturar, criar formas que não existiam, por cores diversas do que normalmente seria, imaginar a vida acontecendo em outro planeta, desenhar sensações. Enfim, afundei nesse mundo da imaginação. Certo dia chegou a Filomena com o tal caderno de desenho. Foi uma decepção. Eram desenhos infantis. Eram os olhos da Filomena que davam àqueles rabisquinhos a mágica que ela me passou. Mostrei meus novos desenhos a ela. Fantástico, foi o que ela disse.   

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