sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

O Parquinho



Que festa que era. Quem vivenciou não se esquece. Não eram tubos de aços e correntes rangentes. Era liberdade não delimitada, quintal de casa de vó. Eu ia aos domingos e bem me lembro. Tinha aquele senhor irmão da D. Amélia. Alguém lembra o nome dele? O que cuidava da chave. A gente ia chamá-lo e ele ficava bravo. Já vou, já vou. Dizia ele. Morava numa casa de tijolos sem reboco, na esquina onde é a casa do Dito Alemão hoje. Gostava de criar pássaro preto e colocar asa nas canecas. Inesquecível o parquinho atrás da igreja. Brinquei lá desde meus dois anos debaixo do olhar da mamãe. Eu subia numa espécie de gaiola. Ficava alto, dependurado. De cabeça para baixo. Se caísse o olhar de minha mãe não me seguraria. Que perigo. Sempre-sempre caía alguém. Mas acidente grave nunca soube que houve. Eu mesmo quase caí da escada horizontal certa vez. Faltou um isso. Ah, lembrei-me do nome, era Lazo da Cotinha. Quando ele abria os portões do parquinho era aquela correria. Tudo se iluminava. Que tempinho bom. O escorregador era meu preferido. Muito divertido. Que delícia de parquinho, sempre cheio. Havia um gira-gira que chamávamos roda-gigante. Lá eu gostava de brincar com o Amauri, que se impressionava com a resistência da gangorra. Um dia quase foi acertado pelos meninos dos balanços, lá distraído e impressionado com a gangorra. A Antônia levava seus sobrinhos para brincar e acabava brincando também. Não se esquece do tombo que levou. Ficou morrendo de vergonha, estava com um vestido godê que lhe foi à cabeça. Caiu porque foi empurrada por um garoto louco de alegria. Quando cansávamos íamos comer pastel na casa em frente, naquela com belo brasão sobre as portas. Era a pastelaria do Zé João e sua esposa D. Maria Francelina. Íamos tirando areia da roupa. Não sei como tanta areia ia parar nas roupas da gente. É uma pena que lá não exista algo assim nos dias de hoje. Acabou o parquinho. Morreu o Lazo da Cotinha. Quando a Janete tinha uns 8 anos a D. Ivone durante a aula avisou com voz penosa que ele faleceu. A Janete se recorda como fosse hoje. Todos ficaram tristes. Morreu o Lazo da Cotinha. Coitadinho dele. Acabou o parquinho. Crescemos. Coitadinhos de nós

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