sábado, 17 de outubro de 2015

Paralelos



Fragmentos
(de mim)

Para os meus pais
Poemas - Paralelos
O Nascimento

ELA se sentia muito mal
Naquele hospital.
Queria o marido do lado.
Ali tão abandonada...
As freiras é que cuidavam de tudo.
Foram falando que precisavam
Desocupar o leito.
Que ela tratasse de se esforçar.
Subiram nela: dê jeito!
Empurraram-na,
Fizeram força.
Disseram que era fraca.
Médico ali era sem chance.
Só se estivesse quase morta.
Arrancaram a criança,
Que nasceu com cabeça e nariz machucados.
Ela dormiu tamanho cansaço.
Quando acordou, já era cedo,
Nada de café da manhã de fotonovela
Apenas uma porção de pinhão.
Pinhão mal cozido
Nunca mais ela comeria pinhão.
Ao que chegou em casa
Esperava ver o marido
Com flores, mas nada.
Apenas a bagunça de sempre.
Nem a esperou.
Depois ele chegou, sem graça.
Ela sofreu tanto para trazer ao mundo
Aquela criança
E ele não nem aí.
Nem falou nada,
Nem um beijo,
Nem nada.

ELE seria pai pela primeira vez.
Emoção demais.
Difícil descrever.
Não queria parteiras.
Já pensou se morre mãe e filho.
Assim, mesmo sem dinheiro,
Conseguiu carona,
Enviou a mulher ao hospital,
Lá pelos dias...
Isso era novidade
Sua mãe e suas irmãs
Sempre pariam
Nas mãos das parteiras
Ele estava muito satisfeito
Com ele mesmo
Dali dois dias recebeu a notícia
Mãe e filho passavam bem
Felicidade Plena
Conseguiu outra condução.
No dia da volta estava tão
Feliz que nem viu a hora passar.
Trabalhou tanto. Pensava
Dar um futuro feliz a mãe e filho.
Atrasou-se.
Quando chegou em casa
A mulher Já estava.
Segurou-se para não chorar.
Eram dois tesouros imensuráveis.
Engasgou-se.
Era emoção demais.
Ele não cabia dentro de si.
Nem falou nada,
Nem um beijo,
Nem nada.

2 comentários:

  1. O nascimento de uma criança, sempre envolve esse misto de alegria e preocupação; mas nada se compara a esse acontecimento e a alegria sempre vence.

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