sábado, 22 de março de 2014

CONSOLAÇÃO EM TANTAS VIDAS

A poesia das lembranças:
 
Pedro Manezinho.
Não tinha muito juízo!
No lugar,
Um menino,
Que gostava
De liberdades
E ventanias
Em seu carro
De tábua que
Ninguém precisava
Empurrar.


Cido do Bar.
Gostava de explodir formigas
Com o peso do martelo
E vender no bar
Doses de destilados
Dos seus causos inventados.

Geraldo Pinto.
Homem de invencionices.
Gostava de enfiar água
E tirar luz de máquinas
Girantes,
Para mostrar aos cegos
Os contornos dos mundos
Noturnos.

Lazo Doca.
O mal humorado mais alegre
Que já se viu.
Engolia raiva
E regurgitava risada,
Daquelas de ombro chacoalhado.
Para perfumar as tardinhas
De quem passava.

Bastião Teodoro.
O mago que duma engenhoca
Monstruosa
Que decapitava as cascas
Dos grãos
Encantando o menino.

Benedita Bernardes.
Das suas rezas de joelho batido
Num chão derramado de velas e hóstias,
Muitos colhem graças até hoje.

Ica.
Vendo nos filhos, os pais
Empacotava novidades e fantasias
Naqueles papeis rosas
Feitos de jornal derretido.

(Versão consolense do poema BOTELHOS DE SETE VIDAS de Wilson Torres Nanini)

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