terça-feira, 24 de junho de 2025

A Percepção e o Pensamento

Perceber é ver.
Nu.
Claro.
Antes que o nome surja,
antes que a mente diga: “árvore”, “dor”, “ela”.

Perceber é o instante virgem
em que o mundo toca o coração
sem atravessar o filtro da memória.

Pensar é o eco —
um espelho que nunca reflete o agora,
mas o que já foi, o que se teme, o que se deseja.

O pensamento vem com seus trajes velhos,
seus rótulos gastos,
suas histórias de mil vidas atrás.

Ele diz:
“Isso é bom.”
“Isso é ruim.”
“Isso sou eu.”
“Isso não devo.”

Mas a percepção não diz.
Ela é.
Silenciosa. Presente. Inteira.

A folha dança no vento
e não precisa ser chamada “folha”
para ser beleza.

O choro vem —
e não é “tristeza”, nem “fraqueza”.
É apenas o sal da alma
dissolvendo muros antigos.

Perceber é morrer para o passado.
Pensar é tentar manter-se nele.

Mas quando há apenas percepção,
sem nome, sem fuga,
sem o véu do tempo —

então…
há liberdade.

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