Um peixinho ouviu, certa vez, de seu avô
que o oceano fizera tudo, num ato de amor.
Tudo vinha do pai-oceano. O fundo, a maré,
Fizera tudo em sete dias, com justeza e fé.
Ouviu que o oceano era fonte e abrigo,
e que um dia, ao morrer, seria contigo.
Seria um com o ele, profundo e sereno,
num lugar encantado, eterno, ameno.
O peixinho passou a orar, peito aberto,
pelo pai invisível, imenso, encoberto.
Vivia na graça, nadava feliz, fazia o bem,
por amor aquele mistério místico e além.
Mas risos surgiram, vozes de escárnio:
“Peixinho, não sonha! Isso é imaginário.
Oceano é invenção dos velhos, fábula vã,
o que existe é só água, algas e grão.”
Ele nem ouvia, seguia, notando o azul:
De onde viria aquela dança tão sutil?
Quem lhe deu o que sempre precisou?
Senão o oceano, o pai que a tudo criou?
A espera do grande dia ia-se os anos
Encontrar o peixe-pai de nome oceano
Não queria provar, nem convencer,
só queria um dia entender e ver.
E quando, enfim, findou sua jornada,
sua nadadeira cansada, calada,
dizem que foi, num brilho profundo,
mergulhar no ventre do mar sem fundo.
E descobriu, sem dor, sem engano,
que sempre nadara...
dentro do pai Oceano.
quinta-feira, 29 de maio de 2025
PAI-OCEANO
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