Você põe um pé num ponto
E o outro mais adiante
Como medisse o tamanho do passo
Lá na roça de conversa com o pessoal
Vendo os meninos brincarem
Vi que o nosso estado emocional
É parecido com isso de abrir o passo
Um pé da gente está sempre
Lá meio atoladinho num cinza
Certo tristinho, certa melancolia
Já o outro pé nós esticamos
Jogamos o mais adiante possível
Buscando do brejinho distância
É nesse pé avançado que
Alçamos alguma alegria
Alguma felicidade
Alguma luz
Assim é perfeitamente possível estar alegre
Porque o pé avançado alcança esse ponto
E ao mesmo tempo meio melancólico
Com uma nuvenzinha aberta ao peito
Quem me disse isso foram
Aquelas pessoas simples que achamos
Que são apenas alegria e felicidade
Mas não é bem assim
É que focam no pé avançado
Mas sem negar o outro
Hoje só querem a alegria, a felicidade
Querem negar esse lado cinza da gente
Esse lado que cutuca e nos faz refletir
Miram apenas na felicidade pura
E cor-de-rosa dos bobinhos
Para isso usam até remédio
Se cortam o nosso pé que fica no brejo
O zero da escala. Ficamos sem referência
Como andar, dançar, correr com um pé só?
E não me venham com Saci Pererê, por favor
Ele não existe igual à felicidade pura
Dos finais de novela
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