quarta-feira, 17 de julho de 2013

Canarês


Que contentamento.
Eu e o meu primo,
Na casa de titia,
De longe consultando
A posição da arapuca
Na palhada fresquinha.

Ela desarmou.
Corremos tanto.
Pegou passarinho.
Era canário-da-terra.
Só brincamos com ele
Lá tão encolhidinho.

Meu primo lhe falou
Que medo danado,
Heim seu bobinho.
O coraçãozinho pulava
Meu primo debochava
Do treme-treme do bichinho

Mais tarde, outra vez
A arapuca desarmou.
Nova correria.
Meu primo ao desmazelo
Enfiou uma das mãos
Debaixo da armadilha

Naquela afoiteza
Ele nem consultou
O que lá havia
Mas era cobra
Cobra d’água sem veneno
Mas ele não sabia

E naquele desespero
Ele caiu no brejo.
A cobra já fugia.
Naquele treme-treme
Mudo no brejo
Deitado ele seguia.

Alteado num alecrim.
A meia distância
Divisei um passarinho.
E olhando bem para nós
Sem se espantar
Trilava o canarinho

Olhei bem, tive certeza.
Por uma pena arrepiada.
Era o que soltamos de pouquinho
E o jeito dele cantar
Era um tanto engraçado
Diverso do dia-a-dia.

Eu não sei canarês.
Mas se fosse pra apostar
Eu juro apostaria
Ele dizia ao meu primo
Que medo danado,
Heim seu bobinho.
  










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