quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

PARA MIM CONSOLAÇÃO (poema íntimo)


Para mim Consolação
Tem vô Costa e vó Dita
Lá no verde casarão
Num grande agita-agita
De um povo em furacão
A espera do fim da missa
Pra vinda do padre glutão
Com sua fome infinita (quase)
Pro frango com macarrão
Feito pela outra Dita (A Davi)

Tem o vô Doca animado
Com a turma do caçador
Cafés e cafés sendo tomados
Nunca senti melhor amargor
Contam uns causos gozados
De briga, traição, amor
E até uns malassombrados
Verdade jurada em terror
Uns tão mal explicados
No Mato da Cruz em negror

Tem groselha no picolé
Do explosivo bar do Cido
Já no Zé João o pastel é
De carne ou queijo derretido
Uma menina chora e quer
Doce de leite no Vardinho
Na praça tem homem e mulher
Num vai-e-vem ensandecido
Ouvindo música do Padre Zé, (Zinho)
No alto-falante lá erguido

A matriz repicando em sino
Nas festas de fim de ano
E o meu peito de menino
De alegria quase estourando
Lá correndo nem sentindo
A madrugada já chegando
Pelo papai já tinhamos ido
Com o sono lhe rondando
Mas a mamãe deve tá na Ica
A compra de alguns panos

Tem Botafogo e cruzeiro
Cada um com seu campo
Eu preferindo o primeiro
Vibrando em preto e branco
Fugindo de um encrenqueiro
No coreto ou atrás do banco
Ate via rua do cemitério
A de baixo tem chão poeirento
(ainda não há calçamento)
Indo ao Toniquinho vendeiro
Onde nossa torcida tem recanto

Com a escola a vista
Penso que devo estudar
Não sei se matemática edifica
Mas o Toninho me faz coçar
E o Totó com a sineta maldita
(na verdade bendita)
É de fazer chorar
Quem cemitério não habita
Tem é que aproveitar
Vejo o Antônio Deliza,
E em carne chego a pensar
(sinto a boca salivar)

A praça do Tonico Lino
Está se desintegrando
(num canto os tijolos se amontoando)
Os irmãos Olívio e o Geraldo Pinto
Que ali estão passando
Com o Ditinho Pereira
Dos políticos vão reclamando
(O que estão esperando?)
Diz o Zé Porfírio ao Pedro Virgílio
Que também estão escutando
Se queremos esta praça tinindo
Vamos nós mesmos a arrumando

Aquela viva Consolação
Sei já não existe mais
Só brilha em meu coração
De onde sei não se desfaz
(jamais)
Pela hora já devo ir, irmão
E vou como me apraz
Ao perfume puro da escuridão
As vistas luminosos celestiais
Assim batendo os pés no chão
Rumo à Fazenda da Paz
(Se o tio Lauro vier logo atrás
Dará carona como sempre faz.
Chegar logo é bom demais)






4 comentários:

  1. Conheci todos os citados no seu poema....fez parte da minha infância....

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  2. Aí fica mais divertido, né amigo PINHO... Abraço e obrigado por ler.

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  3. Depois de ler seu poema
    Falando deste lugar,
    Jovem Kirk ,tu me inspira,
    Naquilo que vou falar

    Nasci nos anos sessenta
    Dez anos vivi aí então
    Mas foram os mais felizes
    Na pequena Consolação

    Da minha infância me lembro,
    De pessoas, fatos e historia
    Hoje falo um pouco
    Do que me vem na memória

    Brincávamos com bolinha de gude,
    Estilingue e cata-vento,
    Papagaio colado com grude,
    Calça curta, pé no chão...ei tá bom tempo

    Nossa escola querida
    Quatro salas distintas
    Comecei com dona Pida
    Jardim da infância a quinta

    Comecei o primeiro ano,
    Trabalhando a coordenação
    Foi com dona Tianinha
    Esta grande missão

    Depois dona Arlete
    Já começando a ler
    Professora dedicada
    Em nos passar o saber

    Lembro-me ainda de outras
    Que passaram por ali
    Donas Luzia, Ditinha, Helenice
    Bernadete, Odete e Darci

    Mas uma ficou na memória
    Muita coisa me ensinou
    Dona Neide Vasconcelos
    Pelo quarto ano passou

    Exigia-se disciplina
    Letra boa e dedicação
    Pois nossa Inspetora,
    Vinha sempre em consolação

    Dona Maria de Barros
    De Paraisópolis vinha
    Ver como estava a escola
    E toda aquela turminha

    A, não posso deixar de falar
    De nossa diretora
    Dona Terezinha de Almeida Mendes
    Uma grande professora

    Fazíamos fila na escada
    Ouvíamos o que ela dizia
    Depois cantávamos um hino
    Aí as escadas subia

    Que saudades deste tempo
    Onde queríamos aprender
    Hoje vivo o momento
    Fruto deste saber...

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  4. Não sei por que apenas agora vejo a sua publicação, PINHO. Acontece muito de um poema suscitar outro. É assim mesmo. Se um poema abriu uma janelinha na mente de quem leu, alcançou o seu objetivo. Gostei muito do que escreveu. Muito sensível e com a boa liga dos poemas que valem a pena ler. Espero que tenha outros poemas e que compartilhe conosco em algum canal. Abraço

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