segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013
A DEFESA DO URUBU
Era já tarde quando
A molecada em folia,
Disputava entre si
Para ter a pombinha,
Ao tempo que com chutes,
Pedras e gritarias.
Atacavam o velho urubu
Embolado em linhas.
Mas o menino quietão,
Saltou a frente, "alto lá"
Toda criatura é de Deus
Vocês parem de atacar.
Os meninos gargalharam.
Entraram a caçoar.
Onde já se viu defender
Aquela feiura de arrepiar.
Ainda aos chutes gritaram
O pombo é de Deus.
Mas o quietão retornou:
Não só ele, penso eu.
É símbolo de paz.
Um da moleca respondeu
E também do amor.
Um outro se enfureceu.
Se gostam de amor e paz.
Por que a violência então?
Atacando um ser vivo,
Em tão indefesa situação.
Os meninos em vaias
Gritaram: menino bobão
Esse bicho carnicento
Nem merece compaixão
O pombo nos traz doenças
É isso que ouço falar
Dizendo uns entendidos até
Que é um rato a voar
Já o pobre urubu
O que faz é limpar
Tirando a carne morta
Para a doença não proliferar.
Se esse teu amigo urubu
Assim tão importante é.
Por que não retornou
Para avisar o Noé,
Carecendo que a pombinha
No navio posse pés
Avisando da terra firme,
Para aquele homem de fé.
Olhem amigos meus
Não estão bem informados
Se o urubu foi primeiro,
Batendo asas, repicado
Foi para limpar o mundo.
Dos cadáveres infectados
Se assim não fosse
Nem Noé teria escapado.
De pombos ou urubus precisamos mais?
O quietão então flechou.
A molecada sem graça,
Pedras e paus ao chão deixou.
Ao que voltavam ao futebol
O pombo alguém espantou
Moleque estranho:
Um outro ainda acrescentou.
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