Perceber é o instante virgem
em que o mundo toca o coração
sem atravessar o filtro da memória.
Pensar é o eco —
um espelho que nunca reflete o agora,
mas o que já foi, o que se teme, o que se deseja.
O pensamento vem com seus trajes velhos,
seus rótulos gastos,
suas histórias de mil vidas atrás.
Ele diz:
“Isso é bom.”
“Isso é ruim.”
“Isso sou eu.”
“Isso não devo.”
Mas a percepção não diz.
Ela é.
Silenciosa. Presente. Inteira.
A folha dança no vento
e não precisa ser chamada “folha”
para ser beleza.
O choro vem —
e não é “tristeza”, nem “fraqueza”.
É apenas o sal da alma
dissolvendo muros antigos.
Perceber é morrer para o passado.
Pensar é tentar manter-se nele.
Mas quando há apenas percepção,
sem nome, sem fuga,
sem o véu do tempo —
então…
há liberdade.