sábado, 18 de outubro de 2025

O Hálito do Eterno

O eterno em mim pede.
Vislumbro a ruína do templo,
mas não há luto, apenas o eco
de um silêncio que conhece
o nome das origens.

O fogo queimará o que nunca foi,
e no fulgor das cinzas
as máscaras se dissolverão em inocência:
a única oferenda em minhas mãos.
 
Sede em mim, ó lua sereia,
reflexo da chama maior.
Transfigura em maré a carne e o verbo.
Pois ainda que eu pense haver
suspiros e rangeres de dentes,
além da fronteira saberei do engano, 
quando o véu ruir.
 
Através de mim será encontrado
aquilo que não tem nome.
Não busco sentido,
quero o hálito da justiça,
a respiração dos deuses
no pó da criação.
 
E quando meus dedos tocarem o eterno,
que se rompa o tempo em claridade,
e que o que resta de mim
seja apenas o toque do que é.

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