quarta-feira, 7 de abril de 2021

Sei/não-sei

 

Quem não sabe, não sabe que não sabe; mas age como soubesse, e isso é muito triste. Eu receio avançar até onde não deveria. E mais... desguiado pelo meu não-saber, além de ir até onde não deveria, morro de medo de gritar, gritar e gritar, na defesa de minha ignorância. Posso até influenciar não-sabedores como eu. Os que sabem baterão uma mão à testa. Por generosidade pode ser até que me lancem algum sinal ou dica. Que possivelmente não entenderei, resistindo por vezes até agressivo no meu não-saber que acho é saber. Que vergonha! As explicações serão alienígenas para mim. Oh, Céus! Abra espaço em minha mente para que eu aceite saber mais, mesmo que doa. E principalmente, que quando eu evidenciar meu não-saber, que só tenham pena de mim. Jamais raiva. Que eu seja leve. Se quando sei já não devo me impor agressivamente, imagine quando não-sei. Essa viagem do saber ao não-saber é viagem para terra estrangeira. A condução não deverá ser feita por mim, porque serei capaz apenas de repisar no que já sei. O que não-sei é outro mundo, outra regra. Devo ser desmontado numa quebra de esfolar os ossos, para ser remontando de um outro jeito. De um jeito que eu desconhecia, preso à lógica bonita do meu saber. Tudo tão encaixadinho. Saber que pouco se sabe já é um bom começo. Que os Céus nos livrem das tolices.


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