As flores estão inquietas. Saúvas
no jardim! Na primeira noite e a devassa já foi grande. Margaridas tagarelam
com as rosas. As rosas estão desesperadas. Foram as mais atacadas. Cadê o
jardineiro! Cadê o janeiro! É o que se ouve. Saúvas más, más, muito más. Gritam
as comigo-ninguém-pode. É receio geral que o jardineiro desista do jardim, que
já vinha com ervas daninhas aqui e ali. As formigas estão felizes. Entendem
que enfim encontraram um bom lugar. Abundante em plantas do agrado delas, e abandonado.
Amam as flores. Amam as pétalas e até as folhas e caules. Com elas cultivam suas
roças de fungos, que lhes servem de alimentos. Seus filhos poderão crescer saudáveis. Mau é o tatu, pensam... O jardineiro irrita-se com as formigas. Dão-lhe
muito trabalho. Aprecia que as pessoas vejam seu jardim florido, cuidado. Não quer
se passar por descuidado, preguiçoso. Mas as formigas lhe põem redemunhado. Como
controlá-las. O veneno pode também matar as flores. No fundo, no fundo sabe que
a terra também é das formigas. Mas, poxa, elas fazem passá-lo por homem que não cuida das
suas coisas. As flores sou eu; as formigas e até o tatu também sou eu. O jardineiro,
igualmente, sou eu. Que eu faça meu trabalho com sabedoria.
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