domingo, 4 de fevereiro de 2018

PAZ

A tarde doura as montanhas
Às serras cantam os passos-pretos
Os compadres na estrada
Falam que será boa a colheita
À barranca os cães se enrolam
Parece que brigam; mas não
A brisa faz onda à capineira
Já trazendo cheiro de jantar novo
A mulher conta que a galinha
Já veio do mato com os pintinhos
Fala de um jeito eufórico, estabanado
Espanta os canarinhos
O marido sorri do jeito dela
Gosta de vê-la alegre
Os grilos cutucam, cutucam        
Logo cai macia a noite
As estrelas pipocam, pipocam
À ponta do pinheiro
Surge uma lua de anzol
Um cabide pra coisas boas
Pra que não se associe escuridão
A tristezas e negativismos
Na frincha da janela
Um ventinho canta
O marido vira a tramela
Espia lá fora, espia
Farfalham as folhas de cana
Ele sente o cheiro, sente
Destacam-se as flores
Do pessegueiro
A mulher deixa o remendo
Levanta a cabeça
Olha o marido, acha-o bonito
Um pio de coruja vem de longe
O marido se diz já com sono
A mulher põe de lado a costura
Diz então vamos, vamos
Duvido que haja no mundo
Lugar mais em paz

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