sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Pedras no caminho

Na casa da tia Rosa
E do tio Dâmago
Meus tios avós
(Diziam Tio Dama
Mania daquela gente
De simplificar os nomes)

Tantas e tantas flores
Já na entrada um arco
De Brinco de Princesa
Sobre a porta da sala

E dentro da casa, acreditem
Havia grandes vasos
Com florezinhas miúdas
Tipo trepadeira
E conforme cresciam, a tia
Ia ao barreado
Batendo preguinhos
Amarrando as flores

A coisa mais bonita do mundo
Flor dentro de casa
Morar num jardim
E o tio Dama
Brincava com as meninas
As voltas com seu cavaquinho
Tim tim tim, tim tim tim

Às vezes jogava quirera
Aos passarinhos
Na taipa do fogão
De onde espiava pela janela 
O corregozinho caudaloso
U vu u vu u vu u uvu

As visitas nunca saiam
Sem provar do famoso
Biscoitinho de polvilho
Frito na hora 
Com café recém-passado
E sorrisos

Ver tudo isso não vi
Soube pelos olhos de mamãe
Que mais se encantava
Com as pedras à volta
Não tiradas para que fosse
Erigida aquela casa
Aquele jeito de viver
Aquele mundo

Ao redor delas, das pedras
Muitas e muitas flores
Como as hortênsias
Coroando a pedra
Na porta da cozinha

Como no arroiozinho caudaloso
O caminho fazia volta
Para desviar-se das pedras
Coroadas dos coloridos
Das flores

O problema na vida
Não são mesmo as pedras
Mas sim como as encaramos
Os obstáculos estão
Na cabeça da gente

Aquela gente não apenas
Simplificava os nomes



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