sábado, 21 de maio de 2016

LEVEZA



Fui sem saber. Falaram em música e poesia. Como não dar certo. Era 20/05/2016. Somei os números. Deu 7. Número sagrado, como dar errado.

O ambiente era dourado e com cheiro especial. De velas. Que alteavam castiçais dourados e douravam tudo.

O cantor era um. E também apenas um violão. Mas às vezes se ouvia outras vozes e se sentia vários instrumentos, senão uma orquestra inteira.

E não falo de efeitos gravados não. O show era totalmente acústico. Falo da sensação de quem assistia.
A leveza da música e das falas, a voz potente e macia do cantor, atingia aquele lugar da gente além dos muros, cercas de arames, marimbondos, derretendo o que é ruim.


Às vezes parecia que que não era ele. Que era algo que vinha através dele. Que teria o corpo possuído numa manifestação sobrenatural. Ele seria mera marionete de vários seres. Lembrei-me de Poltergeist.

Senti-me numa sessão do Santo Daime, a religião das matas, após o terceiro copo do suco do cipó. Até a afinação do violão pareceu sobrenatural, num vai e vem acústico e elástico.

Teve momentos em que ele parou de cantar para ouvir as pessoas cantando, de olhos fechados. Conexão de mentes.

Até as velas pareciam flutuar, como fossem bolhas de sabão em forma de pingos de fogo. O escuro dourado, macio e confortável parecia dentro da gente.

O ponto alto foi Paciência, de Lenine. Mas, além, teve muita música boa. Muito autoral. No final, quando ele falou em “show com música mística e poesia”, eu sorri.

Eu nem sabia disso de “mística”. Soube que era música e poesia. E de fato ele nem precisava falar em mística, por que todos, de qualquer forma, sentiriam de qualquer jeito, sem que falasse.

Fui sem saber. Me dei bem. Que presente do Padre Márcio. Isso no salão paroquial da Igreja de Santa Tereza. O cantor, o Tom de Minas. Místico. Toca a troca de sorrisos. À noite, estou falando sério, tive sonhos dourados.

Parabéns, Tom, por levar suas canções e mensagens além dos palcos. Soube que toca em asilos, em hospitais indo de leito em leito, para populações carcerárias e de rua. Parabéns pela opção sua.

Alguém poderia pensar: um artista assim, por que o Universo não conspira e não o joga nas alturas da Grande Mídia? Respondo. Quem diz que isso é o melhor para ele e para o mundo? O Tom não parece preocupado com colher; mas sim com plantar.

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