Se a vida passa ligeiro?
De verdade acho que não.
O diacho, amigo.
É a repetição.
Meu compadre João,
Que labutou em muitas paragens.
Se alembra direitinho
De cada passagem.
Se a gente fala o ano,
Ele diz a fazenda,
Os amigos de lá,
E o que estava fazendo.
Já eu, que labutei
Numa fazenda só,
Um serviço apenas,
Por tantas décadas,
Tenho a impressão
De que trabalhei
Apenas uns cinco anos.
Embora quarenta
Se repetido,
A memória vai descartar
Guarda só o distinto,
Apenas o peculiar.
Então se quer sensação
De intensidade vivida
Basta não fazer
Coisas tão parecidas.
A vida vai tão rápida,
Meu rapaz.
E a gente aí,
Repetindo demais.
Por que o cérebro guardaria,
Amigo meu,
Algo daqueles dias em que
Nada de novo aconteceu?
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