domingo, 14 de fevereiro de 2021

O QUINTAL DA TIA

 

A tia poderia olhar a rua
Conversar com transeuntes
Mas não
Ficava na varanda para o quintal
Um jeito distante um olhar parado
A montanha redonda ao fundo
Era coberta de árvores e puro viço
As quaresmeiras estouravam-se em flores
E a passarada cantava em grande alarido
Essa era a vista do quintal da tia
Mas ela parecia não ver
Tão preocupada com as daninhas
Dominando tudo segundo ela
Falava que era uma vergonha
Uma grande vergonha
Um quintal sujo daqueles
Que ia falar com os filhos
Isso enquanto tomávamos café
Coitada da tia logo ficou doente
Doente da mente perdeu o juízo
Um ano depois e já não me reconheceria
Parece que a doença
Chega primeiro aos olhos
da gente

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