quarta-feira, 22 de abril de 2020

insone


saio para caminhar,
vou da sala a cozinha
da cozinha ao quarto.
espio a rua, pela janela
nin... guém...
o vento brinca com meus cabelos
uma coruja pia longe, longe
os aviões não estão passando
decerto os bichos estranham

que dia é hoje mesmo?
de repente, nem faz diferença
se há previsibilidade,
vai bem a coisa.
assim como vamos,
não tem como a mente aquietar-se.
imagino como será ficar em casa
pra quem não tem casa.

ouvimos que antigamente foi
assim, assim, assado
pensava que antigamente fosse
outro mundo. Mais duro, difícil...
a lua joga uma luz desbotada no
chão do quarto
difícil aceitar, mas vejo que o
antigamente é agora

conclusões sem termo
remoinhos mentais
aperto os dedos, espirro
mesmo numa hora dessas, de loooonge,
alguém grita: êêêêêêpa!
que dias mais bestas. Nem podemos mais
espirrar sossegados

a tv não traz notícia que esperamos
tem uma angústia que estou
querendo descrever, mas ela  não quer sair
afundada no mais remoto eu
acho que vou fazer um café
será muito tarde? será muito cedo?
o diacho é que nem fumar, fumo

a certeza que tenho é que no final
o amor vence. isso porque o "não-amor"
vive de armadilhas que por fim ele mesmo cai
melhor me acalmar, respirar
logo aquele perfume de sol já vem
e então saberei que a noite
já vai se recolhendo
quem sabe não venha a notícia

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