sábado, 27 de abril de 2019

Colheita

o carro desce as morrarias
pras bandas da mina
o tio Zé atiça, atiça
Semblante, Teteio, grita
a argola na ponta do ferrão
badala, badala, rebrilha
o sol a pino, aceso lá em cima
o tio Zé grita, grita
não gosta de cutucar os bois
o cocão chora, chora apertado
o tio Zé se preocupa
pega o chifre com azeite
derrama, azeita, azeita
a carga é muita
na descida todo o peso
recai à junta de coice
o tio Zé pensa, pensa
tira a junta de pé de guia
Marcante e Malvino
confere os canzis
amarra a canga atrás do carro
no argolão abaixo da mesa
que esperteza
assim a carga se divide
entre os quatro pescoços
o carro desce desce geme
uma grande barriga para cima
barriga de espigas de milho
os fueiros envergados
pressionados pela esteira
o tio zé vai, vai feliz
olha a roça lá atrás
volta-se aos bois
os chifrões deles
parecem braços abertos
a espera de abraços
O tio zé se contenta
que colheita que colheita
olha para o céu, agradece

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