sábado, 8 de dezembro de 2018

DISFONIA

Eu tinha doze ou treze, acho
Quando a minha voz 
Parece se cansou de mim
Busquei-a mas no lugar
Escorregando-se lá de dentro
E tropeçando pela boca
Veio uma voz que era outra
Meus amigos caçoaram
Gargalharam de suar
Depois a minha voz parece
se arrependeu. Quis voltar
Mas aí aquela voz que não
era a minha não quis partir
e então quando eu ia dizer algo
Nunca sabia quem diria
Se a minha voz ou aquela outra
As duas se apertavam para
Ver quem saía primeiro
A minha vergonha era tanta
Que até evitava falar
Depois aquela minha voz primeira partiu de vez
Acabei ficando apenas com aquela outra
Mais tarde entendi que aquela
outra voz era para acompanhar
O outro que também eu me tornava

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