sábado, 7 de julho de 2018

Incansável


Ele gosta de mudanças
Embora finja que não
Destrói construindo em cima
É impiedoso é inquieto
Se faz respeitoso
Quando altera aos pouquinhos
Disfarçado, sorrateiro, insosso
Não sei das razões dele
Além da vaidade de querer
Sempre deixar sua marca
Não me conformo que tenha
Dado fim aquele casarão verde
Da minha infância
Falo do PRESENTE, lógico
Se eu chegasse à minha avó
Àquela tarde em que ela parou
Com o terço e veio me servir
Café com bolo de fubá
Enquanto o canarinho
Cantava a janela
E dissesse que aquilo tudo
Ela, a casa, o café, o bolo,
O bule, a janela, o canarinho
Seria destruído
Ela riria de mim
Falaria lógico que sim
Mas um lógico meio
Não acreditando
Como fosse algo dali
Há dois milhões anos
Não demorou um isso
É o Incansável já encheu
Ali de coisas novas
Coisas das quais foi
Logo enjoando e já
Trocando por coisas
Mais novas ainda
Ele não sossega
Ele não se apega
Ele é um trator...

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