Eu estava no quintal da casa de minha mãe em Consolação, plantando uma laranjeira e o meu filho mais novo veio: “Pai, o que que é ché.” Surpreso eu disse: “De onde tirou isso.” Ele observou “não, é que aqui em Consolação as pessoas falam muito isso”. “Filho, Ché é ché, ué”. Eu disse sorrindo, daquele jeito ganhando tempo. Pensei um pouco. “Acho que é uma zombaria; mas pensando bem, não sei bem.”
Então dei por mim
que ali falam muito esse tal “ché” mesmo.
Peixe-frito. Peixe-frito.
Peixe-frito. Peixe-frito.
Lá vem ele de novo
Esse passarinho agourento
Nos anunciando coisa
Ruim pra qualquer momento
Mãe, vou pescar
Alguns lambarizinhos.
Esqueça o passarinho.
Aí para o almoço teremos
Peixe-frito. Peixe-frito.
Peixe-frito. Peixe-frito.
(A beira do ribeirão)
Ô moleque, sabe o
Senhor Pê.
Foi pisoteado por bois.
Ché, está frito, ele.
Foi agorinha.
Está mesmo muito mal.
Foi quase morto
Para o hospital.
(Pensei então)
Pê, ché; frito.
Consultei a gravação
Na minha mente.
Lá a ave repetia incessante.
Peixe-frito. Peixe-frito.
Peixe-frito. Peixe-frito.
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