A tardinha se
deita em luz mole,
um amarelo
cansado nos morros,
os ventos
descascam silêncios,
e uma mulher esconde
o olhar.
Lá longe, os
pássaros pretos
contam segredos
em asas roucas,
bordam o céu
com suas dúvidas
e somem sem
deixar pegadas.
Na varanda a
mulher calada,
suas mãos
seguram ausências,
o peito com
jeito de nuvem
carrega um peso
de nada.
A tristeza
pinga miúda,
como um resto
de sol nos vidros,
e a tarde vai se
apagando sozinha,
sem ninguém pra
segurar.